cover
Tocando Agora:

Adolescentes negras denunciam abordagem racista e revista ilegal em loja de maquiagem no DF

Mãos de jovem negra, em imagem ilustrativa Reprodução/ EPTV Três adolescentes negras denunciam terem sido perseguidas, acusadas de furto e submetidas a revi...

Adolescentes negras denunciam abordagem racista e revista ilegal em loja de maquiagem no DF
Adolescentes negras denunciam abordagem racista e revista ilegal em loja de maquiagem no DF (Foto: Reprodução)

Mãos de jovem negra, em imagem ilustrativa Reprodução/ EPTV Três adolescentes negras denunciam terem sido perseguidas, acusadas de furto e submetidas a revista ilegal após fazerem compras em uma loja de maquiagens de um shopping em Taguatinga, no Distrito Federal. O caso foi em agosto deste ano. As famílias registraram um boletim de ocorrência por constrangimento ilegal e agora procuraram a Justiça, afirmando que a abordagem teve motivação racista. A loja e o shopping confirmam que houve uma abordagem, mas negam que tenha havido excessos ou práticas discriminatórias (leia detalhes mais abaixo). ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp. De acordo com o boletim de ocorrência, as meninas — de 12, 13 e 15 anos — estavam na loja Império das Maquiagens, no JK Shopping. Elas afirmam que compraram alguns produtos e saíram. Na praça de alimentação, perceberam que uma funcionária passou a seguí-las. Veja os vídeos que estão em alta no g1 Ao saírem de um banheiro, ainda segundo o boletim, as meninas foram abordadas por uma mulher que se apresentou como gerente da loja, acompanhada de dois seguranças do shopping: um homem e uma mulher. As vítimas disseram que foram questionadas sobre a compra e obrigadas a mostrar o comprovante. Em depoimento, elas contaram que a gerente pediu que todos fossem a um "canto mais reservado" – um corredor de saída de emergência (veja imagem abaixo). Lá, ainda segundo as adolescentes, a gerente teria pedido que as jovens abrissem as bolsas e levantassem as blusas para conferir se havia produtos escondidos. Nada foi encontrado. Corredor em que jovens foram abordadas, segundo uma das mães. Arquivo pessoal Famílias acionam Justiça As famílias acionaram a Justiça do DF contra o shopping e contra a loja, alegando discriminação racial e revista íntima ilegal. A defesa menciona a Lei nº 13.271/2016, que proíbe esse tipo de abordagem. Em nota, o delegado Thiago Boeing, da 17ª Delegacia de Polícia, informou que a gerente da loja já foi ouvida. "Falta somente juntar as imagens solicitadas ao shopping. Após, o delegado irá analisar o conjunto probatório para eventual indiciamento", disse ao g1. Ao g1, o JK Shopping confirmou o episódio e disse a segurança do shopping foi acionada para acompanhar a situação de forma preventiva, garantindo a integridade de todos os envolvidos. Também afirmou que "não compactua com qualquer forma de constrangimento, discriminação ou conduta inadequada dentro de suas dependências". Já a loja Império das Maquiagens, por meio de um vídeo divulgado nas redes sociais (leia íntegra abaixo), negou as acusações: "Não houve toque, não houve levantar de blusa, não houve nada disso." Mães alegam trauma A mãe da menina de 12 anos conta que aquela era a primeira vez que ela tinha autorizado a filha a sair sozinha com amigas. “Minha filha está apavorada, chora muito e disse que achou que fossem machucar elas”, disse ao g1. A adolescente de 15 anos, de acordo com a mãe, desenvolveu crises de ansiedade após o episódio. “Elas foram humilhadas, acusadas de roubo mesmo com o comprovante. Creio que foi racismo. No dia, minha filha nem conseguia dormir de tanto pesadelos", afirmou. O que diz o JK Shopping "O JK Shopping confirma a ocorrência de um episódio na loja Império das Maquiagens, onde clientes relataram terem passado por situação de constrangimento durante atendimento. Assim que o caso foi comunicado, a segurança do shopping foi acionada pela própria operação e acompanhou toda a situação de forma preventiva, garantindo a integridade de todos os envolvidos. O shopping reforça que não compactua com qualquer forma de constrangimento, discriminação ou conduta inadequada dentro de suas dependências. Nosso compromisso é assegurar um ambiente seguro, acolhedor e respeitoso para clientes, colaboradores e lojistas. A administração está em diálogo com a loja e segue colaborando com as autoridades competentes, oferecendo todo o suporte solicitado. O JK Shopping reafirma seu compromisso com a segurança e o bem-estar de quem frequenta o centro de compras, tratando situações como esta com seriedade e transparência." O que diz a Império das Maquiagens ""Passando aqui para deixar uma nota de esclarecimento a todas as nossas clientes e seguidoras sobre o acontecimento lá na nossa loja do JK Shopping, que não aconteceu agora, tá, gente? Ele aconteceu em agosto deste ano, já faz aí 4 meses, mas pelo fato de não ter tido provas das acusações nem tomado mídia, eles voltaram agora novamente com esse caso. E só para vocês entenderem, a nossa gerente Camila do JK Shopping, ela já está com a gente há 5 anos, ela é uma funcionária exemplar que nunca nos trouxe nenhum tipo de problema. Não é uma menina que leva advertência dentro da empresa, ela é um exemplo a ser seguido e ela é negra, só para vocês terem ideia. E ela é de uma… como é que eu falo? De uma religião afro, gente. Então assim, já deu para vocês verem, né? E assim, quando ela foi conversar com as meninas, não houve toque, não houve levantar de blusa, não houve nada disso que a mídia está noticiando aí. Quem já é nosso cliente há um tempo, sabe da nossa conduta, já são mais de 10 anos de empresa e é a primeira vez que sai algo desse jeito na mídia. E eu só quero esclarecer para vocês que nós estamos aqui para esclarecer todos os fatos e entender tudo e, se realmente tiver provas, que não foi o que foi apresentado até agora, nós estamos aqui dispostos a entender e arcar com o que for necessário. Agora o que eu não entendo é: querem provar algo que não aconteceu, mas não têm provas, mas mediante isso ainda vêm no meu WhatsApp aqui, do meu advogado, pedir R$ 100.000, gente, R$ 100.000 para botar um ponto final no assunto, acabar com isso e abafar o caso. E eu sou um cara certo, gente, e eu não gosto disso. Então, estou vindo aqui falar para vocês que nós estamos aqui dispostos a esclarecer tudo, a entender tudo, mas pagar dessa forma, vir no meu WhatsApp pedir dinheiro, não. Não vou pagar nenhum centavo. Prefiro que isso corra em justiça, ser investigado não é ser culpado, eu prefiro que a polícia investigue tudo bonitinho, bote todos os pingos no i e esclareça tudo, porque nunca houve revista íntima, nunca houve levantar de blusa. No momento que a nossa gerente foi conversar com as meninas, ela estava acompanhada de dois seguranças do shopping, um homem e uma mulher. Não houve nenhum tipo de toque nessas meninas, tá? Não chegaram nem perto, ficaram ali mais ou menos em média 1,5 metro de distância das meninas. Então assim, o pessoal está querendo muita mídia pelo fato da nossa empresa estar em alta nesse momento e eu sou um cara assim, tem coisas dentro da nossa empresa que a tolerância é zero. E uma delas é racismo. Então nós não aceitamos de forma alguma isso dentro da nossa empresa e nem discriminamos ninguém. Só para vocês terem noção, os cargos da empresa, o nosso gerente geral, é negro, o nosso subgerente é negro, a menina do nosso financeiro é negra, no cadastramento de produto nós temos negros, até nas plaquinhas que nós fazemos o nosso funcionário é negro. Nós temos negros nos caixas, no atendimento. Então assim, aqui nós não discriminamos nem tom de pele nem religião, gente. Aqui a gente não discrimina nada nem sexualidade. Então, não teria o porquê de isso ter acontecido. Não era para acontecer isso. Vocês entenderam? Então assim, a mídia está noticiando, está fantasiando algo muito grande. Eu quero deixar isso bem claro para vocês. Eu acredito que eu tenha conseguido esclarecer bem aí todas as dúvidas, mas fico aqui à disposição para vocês, sempre que vocês precisarem. Essa empresa, gente, já tem aí quase 10 anos que eu estou nela. Essa empresa é um sonho e eu venho cuidando dela como um filho, com muito amor, com muito carinho e não é agora que eu vou deixar vir esse tanto de gente falar mal da minha empresa desse jeito, de algo que eu já venho cultivando há tantos anos, cuidando e zelando dessa forma. Então, só tenho a agradecer a cada um de vocês. Obrigado. Sem vocês, nossas clientes, nós não seríamos nada, nós não teríamos chegado até aqui. Então, obrigado mesmo de coração a todos e fico aqui à disposição para o que vocês precisarem." LEIA TAMBÉM: BULLYNG: número de denúncias feitas à Polícia Civil cresce 11 vezes em um ano 8 DE JANEIRO: STF forma placar unânime para condenar membros da ex-cúpula da PM do DF Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.