Advogado segue orientação médica e passa a colecionar máquinas de escrever após ataque isquêmico transitório
Médico orientou que Hélio Marcos da Silva, morador de Cubatão (SP), dedicasse mais tempo à vida ao invés de trabalhar tanto. Ele então passou a colecionar...
Médico orientou que Hélio Marcos da Silva, morador de Cubatão (SP), dedicasse mais tempo à vida ao invés de trabalhar tanto. Ele então passou a colecionar as máquinas e já soma 140 equipamentos. Advogado passa a colecionar máquinas de escrever, em Cubatão, após sofrer ataque isquêmico transitório Arquivo Pessoal Após sofrer um ataque isquêmico transitório (AIT), uma alteração cerebral temporária, o advogado de Cubatão (SP), Hélio Marcos da Silva, de 51 anos, seguiu a recomendação médica e passou a dedicar mais tempo à vida pessoal, começando a colecionar máquinas de escrever. Em entrevista ao g1, ele revelou que o hobby o ajudou a perceber que o trabalho não é tudo. ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. "Quando acordei o médico falou para mim: 'Ou você tira o pé do acelerador ou você não vai ver nem os seus filhos crescerem, se criarem. Você tem que tirar um pouquinho o foco desse seu serviço", lembrou. Hélio refletiu sobre a recomendação do médico e lembrou que, no passado, havia feito um curso de datilografia. Com uma máquina de escrever em casa, decidiu restaurá-la e redescobriu a paixão. "Fui pegando gosto e comecei [a ir] em feiras, em brechó, em bazar e, onde tinha máquina, eu ia lá comprar". O advogado revelou que começou a colecionar máquinas de escrever há 10 anos com a meta inicial de adquirir 50, o que alcançou já no primeiro ano devido à empolgação. Em cinco anos, sua coleção já contava com cerca de 100 equipamentos. "Agora estou querendo parar em 150, porque já estou com 140 máquinas", complementou. Segundo Hélio, a máquina de escrever mais antiga de sua coleção é uma Oliver de 1897, que ele adquiriu sem funcionar, mas restaurou com sucesso. Ele explicou que só coleciona modelos fabricados até 1940, pois, a partir de 1950, as máquinas passaram a ser feitas de plástico, material que ele não aprecia. "A maioria das minhas máquinas são da década de 20, 30 e 40, e todas ainda funcionam", contou. Coleção de máquinas Advogado tem coleção com aproximadamente 140 máquinas de escrever em Cubatão (SP) Arquivo Pessoal Algumas das máquinas de Hélio foram adquiridas por ele, enquanto outras foram presenteadas, como no caso de um coletor de lixo de Cubatão, que soube da coleção e lhe deu uma máquina. A internet também tem sido uma aliada para expandir a coleção. "A fonte de onde essas máquinas vêm são variáveis, não tem uma fonte assim específica, então eu vou em uma feira, encontro uma máquina antiga que eu não tenho, vou e compro. Negocio e compro. Agora, para vender, eu não vendo nenhuma. Estou quase um acumulador de máquinas", disse. De acordo com o advogado, os preços das máquinas variam bastante, com algumas valendo mais de R$ 10 mil. Ele se lembra de quando comprou uma Underwood, avaliada em R$ 5 mil, por menos de R$ 200 na internet. "Quando comprei a máquina, nem acreditei", disse. O advogado afirmou que o preço das máquinas de escrever é inestimável porque há muitos sentimentos. "Não tem como se colocar um preço numa máquina. Vai da qualidade que ela está, do estado dela, da história dela". Hélio afirmou que o valor das máquinas é inestimável, pois há muitos sentimentos envolvidos. "Não tem como colocar um preço, depende da qualidade, do estado e da história dela", explicou. "Tem várias máquinas aí que são caras, e tem máquinas que só para decoração mesmo. Às vezes nem funciona mais para decoração. É difícil colocar preço", complementou. Hoje, como as peças de reposição são difíceis de encontrar, o advogado utiliza equipamentos que não funcionam para retirar peças e realizar o que ele chama de "transplante". Advogado segue orientação médica e passa a colecionar máquinas de escrever após ataque isquêmico transitório em Cubatão, SP Arquivo Pessoal A coleção fica guardada em um espaço que o advogado montou na edícula (imóvel de fundos) da casa onde mora. Apesar das máquinas de escrever e do curso de datilografia serem desconhecidos por muitos jovens, Hélio destacou a importância do equipamento. "Não tem como te dizer que a máquina não teve importância. Teve, já teve a sua importância. Hoje, ela já não tem mais uma importância para a prática, mas, em termos de história, eu acredito que ela foi mais importante até do que o próprio computador", defendeu. Mudança de vida Além da coleção de máquinas de escrever, Hélio também passou a pedalar. "O que a gente precisa? Ter uma válvula de escape. E qual era essa minha válvula de escape? Eu pego, vou lá, mexo nas minhas máquinas [...]. Então tira um pouco o foco da advocacia". A coleção ajudou ele a buscar um escape do trabalho. "Realmente tive uma melhora significativa. Recarrega as baterias, a gente vive com outro mundo, com pessoas que não têm nada a ver com o mundo jurídico, acaba abrindo o teu leque de conhecimento". Segundo ele, o hobby fez com que ele visse que tinha outro mundo para viver. "Antes eu não conseguia, [passava] 24 horas pensando no trabalho. Hoje em dia não, penso muito mais em mim do que no próprio trabalho. Eu vou morrer, o trabalho vai ficar aí". Os olhos foram abertos para o mundo. É assim que o advogado descreve a virada de chave que teve na vida. "Foi um instrumento que me proporcionou muita felicidade, me proporciona ainda. E fez com que eu mudasse a minha chave". "Ela [máquina de escrever] abriu o meu olho e falou assim: 'Olha, peraí, trabalho não é tudo. Você também tem que ter um pouco de coisa para você'. Então a máquina para mim foi muito importante nesse aspecto aí", finalizou. Médico recomendou que advogado trabalhasse menos, investisse em um hobby e ele resolveu colecionar máquinas de escrever Arquivo Pessoal VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos