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Alta do dólar deve impactar valor da tarifa do ônibus em São Paulo, diz Nunes

Prefeito de SP afirmou que estudo sobre o aumento da tarifa para 2025 deve sair até a última semana de dezembro. Ele elencou uma série de fatores que terão ...

Alta do dólar deve impactar valor da tarifa do ônibus em São Paulo, diz Nunes
Alta do dólar deve impactar valor da tarifa do ônibus em São Paulo, diz Nunes (Foto: Reprodução)

Prefeito de SP afirmou que estudo sobre o aumento da tarifa para 2025 deve sair até a última semana de dezembro. Ele elencou uma série de fatores que terão influência sobre o novo valor da passagem de ônibus paga pelos paulistanos. Valor atual é de R$ 4,40 há quatro anos. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) em sabatina da GloboNews na capital paulista, em outubro de 2023. Reprodução/GloboNews O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), declarou nesta quarta-feira (18) à GloboNews que o valor da tarifa do transporte municipal em São Paulo, em estudo para um possível reajuste a partir de janeiro, é impactado por uma série de fatores, incluindo a alta do dólar, cotado há dias acima dos R$ 6. Questionado pela reportagem sobre o que deve pesar mais para a decisão de subir ou não a tarifa, e em qual valor se dará eventual reajuste, o prefeito afirmou: "O que está pegando, além do diesel, dissídio…é a estimativa da inflação, a economia, alta do dólar, tudo isso tem influência tanto no presente como durante o ano de 2025". ✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp A declaração de Nunes trata dos diferentes custos que compõem o transporte público municipal, que custa atualmente cerca de R$ 11 bilhões ao ano, segundo o prefeito. A divisão desse montante dá-se basicamente pelo valor pago por passageiros e empresas, a partir do vale-transporte, mais o subsídio da prefeitura, que atingiu o valor recorde de R$ 5,6 bilhões segundo levantamento feito pelo g1, que leva em conta o repasse de janeiro a outubro deste ano. Ou seja, o valor correspondente a todo o ano de 2024 será maior. Para o ano que vem, a prefeitura estima que o subsídio ultrapassará os R$ 6 bilhões. O prefeito Ricardo Nunes criticou ainda a expansão dos gastos públicos promovida pelo governo federal e reforçou que isso "mexe" na planilha de custos do transporte municipal, o que é determinante para estabelecer o valor anual da tarifa de transporte municipal, que está congelada desde 2020. "Aumento de gastos acima da receita geram inflação e a inflação tem impacto", disse. Estudo para aumento da tarifa Passageiros esperam ônibus em ponto lotado da Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. Fernando Frazão/Agência Brasil Na segunda-feira (16), o prefeito de São Paulo já tinha sinalizado à GloboNews que deve aumentar a tarifa de ônibus na capital paulista no próximo ano. Nunes afirmou que a equipe dele estuda um reajuste que não seja superior à inflação acumulada dos últimos quatro anos de tarifa congelada na cidade. “Estamos vendo a possibilidade de não fazer a correção da inflação, ou não fazer a correção de toda inflação. Já estamos no quarto ano consecutivo sem correção. Aumento não terá. Pode ter parte da correção da inflação”, escreveu o prefeito. A tarifa na cidade está congelada em R$ 4,40 desde janeiro de 2020, último ano que houve reajuste na cidade, ainda na gestão do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB). O prefeito Ricardo Nunes (MDB) anda de ônibus no primeiro domingo de gratuidade do 'Domingão Tarifa Zero' Leon Rodrigues/SECOM/Divulgação/PMSP No período, a inflação acumulada em São Paulo pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) foi de 32,77%, segundo o IBGE. Isso significa que, se a Prefeitura de São Paulo fosse elevar a tarifa para corrigir toda a inflação acumulada do período, o novo preço da passagem a partir de janeiro seria de ao menos R$ 5,84. Mas Nunes afirma que essa o reajuste não se dará dessa forma. "O esforço que estamos fazendo é de 1° - aumento real (acima da inflação do período de 4 anos) não terá. 2° e não conseguirmos manter sem a correção da inflação, será abaixo do índice. Até o final do mês teremos os estudos para tomar a decisão", declarou o prefeito. Pós-eleição Prefeito reeleito de São Paulo fala sobre prioridades para o novo mandato A intenção do prefeito de reajustar a tarifa contradiz as declarações que o prefeito deu logo depois que foi reeleito em São Paulo. Em conversa com o Bom Dia SP, o prefeito reeleito havia declarado que não tinha a intenção de manter a tarifa congelada mais um ano, mas que "não poderia ser irresponsável" (veja vídeo acima). “Minha ideia é manter [a tarifa em R$ 4,40], mas eu não poderia ser irresponsável sem antes olhar todos os dados, dissídios de funcionários, valor do diesel, todo o custo, para saber se a gente pode manter. Porque eu não posso tirar da saúde, da educação, da habitação. Preciso governar mantendo todas as pastas equilibradas”, declarou o prefeito. “Em dezembro, eu sento com a minha equipe para tomar uma decisão. Se a gente consegue manter – é a minha vontade – ou se não consegue manter e explicar o motivo de não manter”, afirmou. Desde a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), os reajustes da tarifa dos ônibus municipais e do Metrô são feitos em parceria com o governo de São Paulo, equiparando o valor da tarifa do sistema municipal com os transportes estaduais (Metrô, CPTM e trens metropolitanos privatizados), em razão do bilhete único conjunto entre todos os modais. Só que no ano passado, em razão do ano eleitoral, Nunes optou por manter os R$ 4,40 da tarifa congelada pelo quarto ano seguido, mesmo com o aumento para R$ 5,00 promovido pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) nos outros modais que atendem a cidade. Explosão dos subsídios Passageiros embarcam em ônibus em ponto lotado na Luz, no Centro de São Paulo. Fernando Frazão/Agência Brasil O congelamento da tarifa de ônibus tem gerado uma explosão de gastos da Prefeitura de São Paulo pagos às empresas de ônibus da capital paulista. Conforme o g1 publicou no final de novembro, neste ano de 2024 o valor dos subídios já atingiu R$ 5,6 bilhões até último mês de outubro. Em dez meses de 2024, o valor do subsídios já passou o desembolsado total do ano passado, que foi de R$ 5,3 bilhões. Isso significa que, até o fim deste ano, o valor do subsídio gasto pela gestão Ricardo Nunes (MDB) com o sistema de transporte da cidade deve superar a barreira dos R$ 6 bilhões e ser o maior da história da cidade pelo 4° ano seguido. Gastos com subsídios em SP / Mês a mês Segundo dados divulgados pelo site de transparência da SPTrans, entre janeiro e outubro deste ano, o total aplicado pelo tesouro municipal no sistema municipal de transporte público da capital chegou a R$ 5,640 bilhões. Nos mesmos dez meses do ano passado esse valor tinha sido de R$ 4,644 bilhões. Aumento de 21,4% no período, sem correção monetária. Em todos os 12 meses do ano passado, a prefeitura desembolsou igualmente o valor de R$ 5,3 bilhões para manter o sistema funcionando na capital paulista. Em nota, a Prefeitura de São Paulo, por meio da SPTrans, informou que mantém a tarifa congelada em R$ 4,40 há quatro anos, o maior período desde o Plano Real. "Além disso, outras medidas importantes são viabilizadas pelo subsídio tarifário, como o programa Domingão Tarifa Zero, que já beneficiou mais de 150 milhões de pessoas, a integração gratuita entre ônibus, o desconto na integração com o sistema sobre trilhos e o embarque gratuito para 950 mil idosos, 750 mil estudantes e 300 mil pessoas com deficiência. É importante considerar ainda que os custos do sistema foram impactados pela pandemia de Covid-19, que reduziu a demanda e a arrecadação", diz a nota. Para 2025, o Projeto de Lei Orçamentária Anual prevê R$ 6,4 bilhões para subsídio tarifário. A proposta ainda está em discussão na Câmara Municipal de São Paulo. Subsídio pagos às empresas de ônibus 2025: R$ 6,4 bilhões (previsão da SPTrans) 2024: R$ 5,640 bilhões (até outubro) 2023: R$ 5,3 bilhões 2022: R$ 5,1 bilhões 2021: R$ 3,4 bilhões 2020: R$ 3,3 bilhões 2019: R$ 3,1 bilhões 2018: R$ 3,3 bilhões 2017: R$ 2,9 bilhões 2016: R$ 2,5 bilhões Fonte: SPTrans Passageiros fazem fila para embarcar em ônibus na região da Luz, Centro de São Paulo. Fernando Frazão/Agência Brasil

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