Centenas de pinguins que apareceram mortos no litoral de SP não serão necropsiados; entenda
Passa de 700 o número de pinguins encontrados mortos em praias do litoral de SP Os 739 pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) encontrados mortos no l...

Passa de 700 o número de pinguins encontrados mortos em praias do litoral de SP Os 739 pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) encontrados mortos no litoral sul de São Paulo não vão passar por necrópsia, um exame capaz de identificar a causa do óbito. As informações são do Instituto de Pesquisa Cananéia (Ipec), que explicou a ausência do procedimento devido ao avançado estágio de decomposição dos animais. Segundo o Ipec, o número corresponde aos pinguins encontrados de sexta-feira (15) até esta quinta-feira (21) nas praias de Cananéia, Iguape e Ilha Comprida. Ainda de acordo com o instituto, os animais passarão apenas por exame biométrico e registro técnico, com coleta de medidas, sexo e peso. Os pinguins serão enterrados em seguida, conforme prevê a legislação, segundo o Ipec. “Só retiramos da praia e levamos para nossa base animais debilitados ou frescos (morte recente, em que ainda temos material para avaliar e chegar a uma causa da morte)”, destacou o Ipec, em nota. Exames para animais em decomposição De acordo com o Projeto Executivo do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), estão previstos três tipos de exames para animais em estado avançado de decomposição - isto é, nos casos em que as condições de preservação de carcaça estejam adequadas. Necropsia; Triagem de conteúdo gastrointestinal; Análise osteológica (quando houver suspeita de lesões ou deformidades osteocartilaginosas). Em casos de encalhe em massa, deve ser feita a amostragem de 20 animais mais 10% do total, sendo no mínimo 50 indivíduos, para análise histopatológica [estudo de alterações em tecidos e células causadas por doenças] e triagem detalhada do conteúdo gastrointestinal, desde que existam condições para que as carcaças sejam avaliadas. Ainda segundo o projeto, a seleção só não se aplica no caso de animais oleados, ou seja, contaminados com óleo. De acordo com o PMP-BS, nessas situações, todos deverão ser analisados, além das amostras serem colhidas e submetidas a avaliações sanitárias, independentemente do número. O Ipec não informou, no entanto, se os animais estavam contaminados com a substância. Pinguins passaram por análise em Ilha Comprida nesta sexta-feira (22) Rinaldo Rori/TV Tribuna Pinguins mortos 🐧 O número de pinguins encontrados mortos passou para 739 segundo o Instituto de Pesquisas Cananéia (Ipec). A quantidade corresponde aos animais encontrados na última semana. Segundo especialistas, houve um “encalhe em massa”, ou seja, um alto registro de pinguins em avançado estado de decomposição que chegaram à beira da praia. Ao g1, especialistas pontuaram que eles parecem ser jovens e também podem ter sofrido influência de fatores como: falta de alimento interferência humana interação com redes de pesca O biólogo Alex Ribeiro destacou que os encalhes podem estar relacionados com a juventude dos animais - que aparentam ser jovens devido à falta de coloração definida. “Às vezes, na primeira viagem, não estão muito bem orientados, e acabam se perdendo”, disse. Ele pontuou que os animais podem ter se aproximado demais das praias, ficado à deriva no mar e sem alimentos. Pinguins foram encontrados mortos em Ilha Comprida (SP) Rinaldo Rori/TV Tribuna Segundo ele, os pinguins também podem ter se aproximado da costa devido à influência humana. “Se os animais estão sujos de óleo ou se ingeriram lixo de alguma forma”, destacou Alex. O especialista destacou, no entanto, que a causa real da morte depende da análise necroscópica do animal. O biólogo William Rodriguez Schepis destacou a possibilidade de interação com redes de pesca. “É um animal que não tem mercado, não tem valor econômico, então ele [pescador] já descarta no mar”, disse. Alex pontuou que, mesmo com o alto número de exemplares, o caso pode se enquadrar no contexto da seleção natural. Na Patagônia argentina, região nativa da espécie, ele disse que podem ser encontrados mais de 1 milhão de pinguins. “Existe um descarte natural", contou. A aparição em um curto espaço de tempo também está relacionada ao período migratório do animal, quando deixam suas colônias na Patagônia argentina e nadam rumo ao norte, passando pelo Uruguai e chegando ao Sul e Sudeste do Brasil. Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC) registrou 'encalhe em massa' de pinguins-de-magalhães em Ilha Comprida (SP) IPec/Divulgação De acordo com Alex, a migração da espécie ocorre por meio da Corrente Tropical do Atlântico Sul, que eles utilizam em busca de alimentos. O período de migração da espécie ocorre entre os meses de junho e setembro. “Como a viagem é muito longa, muitos chegam fracos, debilitados, não conseguem se alimentar o suficiente para fazer a viagem toda e acabam morrendo. Muitas vezes morrem em alto mar ou chegam bem fracos, bem debilitados na praia. Morrem na praia ou acabam sendo resgatados por grupos que fazem monitoramento de praia”, conta Alex. O biólogo Rafael Santos disse, ainda, que as águas do Sudeste - principalmente ao norte - não oferecem a alimentação necessária para todos os pinguins, que costumam migrar em grupos de 10 a 15 mil animais. "Tanto que a maioria que encalha tem características muito parecidas: São animais que estão magros e a grande maioria é filhote", explica. William, porém, destacou que não é comum a aparição de uma grande quantidade em curto espaço de tempo. "É um número expressivo. Uma quantidade bem grande, num período bem curto aí de tempo. Precisa estar fazendo uma análise mais aprofundada com as carcaças dos pinguins", disse. VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos