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Crise agravada, reputação em baixa e passagens mais caras: os impactos da suspensão da Voepass

Economistas apontam que medida deve impactar tanto a empresa quanto futuros passageiros de outras companhias aéreas. Anac cobra garantias de segurança para re...

Crise agravada, reputação em baixa e passagens mais caras: os impactos da suspensão da Voepass
Crise agravada, reputação em baixa e passagens mais caras: os impactos da suspensão da Voepass (Foto: Reprodução)

Economistas apontam que medida deve impactar tanto a empresa quanto futuros passageiros de outras companhias aéreas. Anac cobra garantias de segurança para reverter decisão. Professor da USP fala sobre impactos econômicos da suspensão dos voos da Voepass A suspensão das operações da Voepass por falta de cumprimento de exigências de segurança, divulgada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na terça-feira (11), deve proporcionar impactos financeiros tanto para a empresa quanto para os passageiros em geral. É o que afirmam economistas ouvidos pela reportagem. Faça parte do canal do g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp Entre as consequências apontadas pelos especialistas, destacam-se o aumento dos custos simultaneamente à falta de receitas da companhia, a queda na reputação e uma possível alta no preço das passagens aos clientes, diante na redução da demanda. Tudo isso em meio a uma crise já enfrentada pela Voepass antes mesmo da decisão da Anac e que se agravou em 2024, com o desastre aéreo que matou 62 pessoas em Vinhedo (SP). Recentemente, a empresa havia anunciado uma reestruturação financeira, além de conseguir na Justiça decisões que suspendem ações de credores e determinam depósitos em juízo por parte da parceira Latam, com quem tem um acordo de codeshare, ou seja, uma parceria que permite a utilização de aviões da Voepass por passageiros que compram pela Latam. Avião ATR-72 da Voepass, antiga Passaredo Linhas Aéreas, em Ribeirão Preto, SP Divulgação LEIA TAMBÉM TRANSTORNOS: Passageiros lamentam voos cancelados após Voepass ter operações suspensas pela Anac: 'Pancada imensa' MALHA AÉREA: Voepass operava em 16 destinos antes de ter voos suspensos pela Anac; empresa está em reestruturação financeira DEMISSÕES: Funcionários da Voepass afirmam ter recebido proposta de rescisão sem saber valores a receber, diz sindicato ✈️ Como a empresa deve ser impactada? Fábio Gomes, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA-USP), destaca que o principal problema para a Voepass, neste primeiro momento, é a falta de receitas, com a paralisação da venda de passagens, e o aumento dos custos, já que precisará reembolsar os clientes. À EPTV, afiliada da TV Globo, a Anac informou que a companhia já havia comercializado cerca de 30 mil passagens programadas para o período de março a dezembro de 2025. "É uma equação muito difícil, porque a empresa não está gerando receita, mas tem os custos fixos, variáveis, salário dos empregados e esse custo adicional, de reembolsar o valor dessas passagens ou acomodar esses passageiros em outros voos. Qualquer empresa que tem custos, e não tem entrada de receita, vai enfrentar uma situação muito difícil", diz. Voepass, antiga Passaredo Linhas Aéreas, tem sede em Ribeirão Preto, SP Thiago Aureliano/EPTV Na petição de reestruturação financeira apresentada à Justiça, a crise da companhia começou a se intensificar com a paralisação dos voos em todo o território nacional por conta da pandemia de Covid-19. Aa restrições, segundo o documento, causaram uma drástica perda no faturamento, que não fazia frente a despesas como os contratos de leasing, com pagamentos em dólares, para aquisição das aeronaves, além de custos com manutenção. Diante disso, as dívidas estão orçadas em pelo menos R$ 215 milhões. Deste montante, R$ 30.263.045,02 são referentes a débitos trabalhistas. Outros R$ 114.942.714,55 são classificados pela companhia como créditos quirografários, ou seja, de pessoas jurídicas que têm a receber da empresa, mas que, em um eventual processo de recuperação ou de falência, não têm prioridade. Nesse cenário, Gomes prevê ainda mais dificuldades para que a Voepass cumpra as exigências da Anac e possa voltar a operar. "Sem dúvidas [se agrava], porque não há geração de receita, e há um impacto, inclusive, na relação com os fornecedores, porque se há uma dificuldade de crédito, de receita, isso dificulta a compra de equipamentos necessários para atender às demandas da Anac", cita. O especialista ainda pontua os prejuízos quanto à reputação da Voepass, principalmente depois da tragédia e agora com os apontamentos feitos pela Anac. "Nós precisamos lembrar que, em virtude do acidente, tinha um impacto sobre a reputação da empresa. Com essa nova ação, essa paralisação dos voos, também há um impacto sobre a reputação da empresa. Isso vai gerar mais dificuldade na volta das operações. Precisa ver como os consumidores vão reagir." Balcão de atendimento da Voepass vazio no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, no dia 11 de março de 2025 Joabe Marques e Felipe Pereira/TV Globo 🧳 Como o consumidor deve ser impactado? A suspensão da Voepass deve impactar não somente aqueles que já tinham passagens compradas, mas também os próximos consumidores. Isso por conta da redução de ofertas nas regiões onde somente a companhia atendia, como explica Luciano Nakabashi, também professor da FEA-USP. "O maior efeito, a tendência é de que os consumidores fiquem sem essas opções, nessas rotas que só Voepass fazia. Era uma empresa focada em voos regionais. Mesmo que tenha substituição, provavelmente, não terá de todas as rotas", afirma. Com essa redução na oferta, a tendência é de que os preços das passagens de outras companhias fiquem mais caros. "O consumidor vai sofrer duplamente, aqueles que tiveram seus voos cancelados já estão sofrendo, mas também os demais vão sofrer com algum impacto no preço, porque, se você tem uma demanda e uma redução na oferta, a tendência é de algum ajuste no preço", projeta Gomes. Passageiros lamentaram voos cancelados após Voepass ter operações suspensas pela Anac Reprodução/EPTV 🤔 O que os passageiros podem fazer? A Anac explica que a empresa responsável pela venda da passagem deve entrar em contato com o consumidor para prestar esclarecimentos e oferecer alternativas previstas na regulação da Anac. As passagens para voos da Voepass são vendidas de três formas: diretamente pela própria Voepass, pela Latam (que tem um acordo comercial com a Voepass) e por agências de viagens. Em todos os casos, a empresa responsável pela venda deve informar o consumidor. ➡️ De acordo com a Anac, o passageiro tem direito a: reembolso integral do valor pago pela passagem; reacomodação em outro voo da mesma companhia aérea, se houver. A reacomodação não deve ter nenhum custo para o consumidor e também deve ter data e horário mais próximos do voo cancelado. ➡️ Já para os passageiros que ainda comprarão passagens, os especialistas aconselham: comprar com certa antecedência; ativar notificações e receber e-mails de alerta sobre promoções; avaliar se outros meios de transporte, como carro e ônibus, podem ser mais vantajosos. Malha aérea da Voepass Aeronave da Voepass Ana Clara Marinho/TV Globo A malha aérea da Voepass contemplava 16 destinos em voos comerciais. Conforme o site oficial e confirmado pela assessoria de comunicação, a companhia opera, atualmente, nos seguintes locais: Ribeirão Preto (SP) Guarulhos - Aeroporto Internacional de São Paulo Aeroporto de Congonhas (SP) Rio de Janeiro - Aeroporto Internacional de Galeão (RJ) Juiz de Fora - Zona da Mata (MG) Presidente Prudente (SP) Ipatinga (MG) Florianópolis (SC) Santa Maria (RS) Pelotas (RS) Joinville (SC) Recife (PE) Fernando de Noronha (PE) Carauari (AM) Manaus (AM) Porto Urucu (AM) Operações suspensas Segundo a Anac, a suspensão é em caráter cautelar e vai vigorar até que a companhia "comprove a correção de não conformidades relacionadas ao sistema de gestão previstas em regulamentos". "A Anac determinou a suspensão das operações da empresa até que seja evidenciada a retomada de sua capacidade de garantir o nível de segurança previsto nos regulamentos vigentes", disse em nota. A companhia, por sua vez, garantiu que irá demonstrar a capacidade de garantir os níveis de segurança exigidos nos voos e que continua tratativas para reverter a decisão da Anac. "A Voepass Linhas Aéreas informa que segue com as tratativas referentes à suspensão de sua operação pela Anac para retomar o mais breve possível e garantir a prestação do serviço para milhares de passageiros na aviação regional brasileira", diz nota. Avião da Voepass no Aeroporto Uberlândia TV Integração/Reprodução O que diz a Voepass? "A VOEPASS Linhas Aéreas informa que segue com as tratativas referentes à suspensão de sua operação pela ANAC para retomar o mais breve possível e garantir a prestação do serviço para milhares de passageiros na aviação regional brasileira. A companhia reitera que sua frota em operação é aeronavegável e apta a realizar voos seguindo as rigorosas exigências de padrões de segurança. Também considera importante ressaltar que hoje emprega mais de 800 pessoas que atuam em 16 localidades no Brasil. No momento, estes colaboradores estão dedicados às operações para manter o atendimento aos clientes nos termos da Resolução 400 da ANAC - que dispõe sobre as Condições Gerais de Transporte aplicáveis aos atrasos e cancelamentos de voos." Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão e Franca Vídeos: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região

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