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Ilha das Cobras: Território selvagem e restrito é lar de uma das serpentes mais venenosas do mundo; saiba mais

A Ilha da Queimada Grande, localizada entre Itanhaém e Peruíbe, no litoral de São Paulo, é o único habitat da jararaca-ilhoa. Considerada a segunda ilha co...

Ilha das Cobras: Território selvagem e restrito é lar de uma das serpentes mais venenosas do mundo; saiba mais
Ilha das Cobras: Território selvagem e restrito é lar de uma das serpentes mais venenosas do mundo; saiba mais (Foto: Reprodução)

A Ilha da Queimada Grande, localizada entre Itanhaém e Peruíbe, no litoral de São Paulo, é o único habitat da jararaca-ilhoa. Considerada a segunda ilha com a maior densidade populacional de cobras no mundo, ela abriga cerca de 45 indivíduos por hectare, área equivalente a um campo de futebol. Biólogo relatou que serpentes da 2ª ilha com maior densidade de cobras do mundo encaram durante visita Rafael Benetti e Airton Lourenço A Ilha da Queimada Grande, localizada próximo à costa entre Itanhaém e Peruíbe, no litoral de São Paulo, é popularmente conhecida como Ilha das Cobras. Ela abriga a jararaca-ilhoa, uma das serpentes mais venenosas do mundo, e é considerada a 2ª ilha com a maior densidade populacional de cobras no planeta, com cerca de 45 indivíduos por hectare -- área de 100 metros de largura por 100 de comprimento, equivalente a um campo de futebol. Trata-se de uma Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), ou seja, uma unidade de conservação federal de acesso restrito, onde são permitidas apenas atividades científicas previamente autorizadas. ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. Como visitar a Ilha das Cobras? 🤔 A autorização para visitar a Ilha da Queimada Grande é feita pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por meio do Sistema SISBio ou conforme orientação do ICMBio Iguape. Para acessá-la, é necessário um planejamento detalhado e o acompanhamento de profissionais experientes e capacitados, especialmente em primeiros socorros e resgates em ambientes naturais. Além disso, é recomendada a elaboração de um plano de contingência que inclua equipamentos adequados de resgate, comunicação e monitoramento constante das condições climáticas. Quais as regras? 🚨 De acordo com o ICMBio, entre as principais regras, está a proibição de tocar ou perseguir a fauna local, capturar ou matar animais, causar perturbações ou deixar resíduos. Dessa forma, todo material gerado durante a expedição deve ser removido para descarte adequado. O uso de drones é permitido apenas com autorização específica do DECEA (Sistema SARPAS) e seguindo as normas estabelecidas para a proteção das espécies locais. Como é a Ilha? 🏝️ O ICMBio descreve a Ilha da Queimada Grande como um ambiente selvagem, inóspito, em que não se pode viver e sem qualquer infraestrutura como abrigos, portos ou trilhas estruturadas. A ilha é caracterizada por vegetação espinhosa, terrenos íngremes e presença frequente de serpentes peçonhentas como a jararaca-ilhoa, espécie endêmica e criticamente ameaçada. Espécies ameaçadas na Ilha 🐬 Toninha, espécie de golfinho ameaçada de extinção, é um dos animais da Ilha das Cobras CRAM/Divulgação Jararaca-ilhosa (Bothropoides insularis) Tartaruga-verde (Chelonia myda) Dormideira-da-Ilha-da-Queimada-Grande (Dipsas albifrons cavalheiroi) Tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) Toninha (Pontoporia blainvillei) Cação-anjo (Squatina occulta) Anjo (Squatina guggenheim) Trinta-réis-real (Thalasseus maximus) Cobras encaram visitantes 👀 Recentemente, o biólogo Eric Comin, que já visitou a unidade de conservação algumas vezes, compartilhou a experiência dele com o g1, e disse que não desembarcaria mais no local. "São muitas serpentes. A partir do momento que você começa a subir a mata, que é fechada, para onde você olha, vê algumas serpentes. Em cima, no tronco [sobre] sua cabeça, ao lado, só que elas são extremamente tranquilas", disse. O biólogo contou que um especialista, que acompanha a expedição, abre o caminho tirando as cobras do chão para que os pesquisadores consigam caminhar. "Ele espanta do chão, vai tirando elas para a galera passar". "Geralmente nessas expedições você fica alguns dias na ilha, então sobe com equipamentos, com água e com tudo mais. Essas [cobras] não são agressivas, são bem tranquilas, elas não vêm para cima [da gente], elas só te olham, aquela coisa de te olhar nos olhos, é bem interessante". O biólogo contou que chegou a ficar bem perto delas, inclusive da jararaca-ilhoa, que é venenosa e só tem na ilha: "Superlegal, uma coisa bem bacana, só que é sinistro. É um animal lindo de se ver, é bem legal mesmo" (leia mais sobre a espécie abaixo). Ele explicou que demorou um tempo para desembarcar na ilha e participar de uma expedição. "Criei coragem, desembarquei. Hoje desembarcaria? Não sei, eu já desembarquei, acho que hoje eu não tenho mais a necessidade [...], mas ir para lá para mergulhar, é só me convidar que eu vou". Eric reforçou que o acesso à ilha não é permitido, mas que o mergulho no entorno é liberado. "Essa serpente não vai para a água e, mesmo você estando próximo ao costão rochoso da ilha, você não consegue ver as cobras, então para você ver as serpentes tem que ser com o desembarque". "Elas são extremamente terrestres, a adaptação delas é terrestre, elas não são animais aquáticos, então assim, não tem nenhum tipo de risco em relação ao mergulho e serpentes", complementou. Mergulho 🤿 Ilha da Queimada Grande, entre Itanhaém e Peruíbe (SP) Eric Comin Para o biólogo, a Ilha da Queimada Grande é "um verdadeiro hotspot [uma região natural com uma grande biodiversidade e em risco de extinção] de conservação". "É um dos melhores pontos de mergulho do estado de São Paulo [...]. Ali é rota de espécies migratórias". Eric afirmou que no entorno da ilha são encontradas raia-manta, raia-chita, raia-prego, raia-borboleta, além de uma diversidade de peixes e de corais. "A gente tem uma diversidade de peixes totalmente incrível, tem tartarugas, é rota de baleias". Para ele, o mar da ilha tem condição de água limpa durante quase o ano todo. "Ali a gente consegue mergulhar dentro de áreas abrigadas do vento [...]. Temos mergulhos para todos os níveis, temos naufrágios, que acho que é um grande atrativo para o turismo de mergulho". Jararaca-ilhoa 🐍 Jararaca-ilhoa na Ilha da Queimada Grande, conhecida como 2ª com maior densidade de cobras do mundo João Rosa A jararaca-ilhoa (Bothrops insularis), de acordo com o biólogo, é considerada uma das cobras mais peçonhentas e perigosas do mundo. "Ela é uma jararaca de coloração meio esverdeada com tom voltado ao amarela. Com isso, ela tem uma camuflagem muito boa". Ela se adaptou na ilha devido a um isolamento geográfico da glaciação. "Acredita-se que foi isso e, nesse isolamento, ela teve que caçar aves do continente que vão até a ilha. Para ela caçar essas aves, se ela pica a ave e a peçonha não é forte, a ave voa, vai embora e cai em outro lugar". Por isso, a espécie se adaptou para picar e, consequentemente, provocar a morte imediata do animal. O biólogo afirmou que a serpente não cresce muito, mas mede aproximadamente um metro de comprimento. No entanto, a picada é equivalente a de quatro jararacas. "É muito forte". "Dentro desse isolamento geográfico [...] a peçonha dela se potencializou de uma tal forma que a partir do momento que ela dava o bote, a ave já morria e ficava no galho", complementou. Ele afirmou que essa espécie de jararaca é extremamente endêmica, ou seja, só existe na Ilha da Queimada Grande. O biólogo relembrou alguns experimentos que teve em conjunto com pesquisadores do Instituto Butantan durante as visitas na ilha. "A gente tinha que encontrar os animais [cobras] no chão, enrolado em ponto de ataque. Era assim, você soltava o camundongo, ele passava perto dela, ela dava o bote e ele já estava morto. Eu nunca [tinha visto] coisa dessa", contou. Ilha da Queimada Grande Eric Comin VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos

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