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Justiça manda gestão Nunes apresentar planos contra enchentes em SP e cita omissão; prefeitura contesta decisão

3 de fevereiro - Moradores do Jardim Pantanal, na Zona Leste de São Paulo, enfrentam terceiro dia seguido de inundações no bairro, que sofre há décadas com...

Justiça manda gestão Nunes apresentar planos contra enchentes em SP e cita omissão; prefeitura contesta decisão
Justiça manda gestão Nunes apresentar planos contra enchentes em SP e cita omissão; prefeitura contesta decisão (Foto: Reprodução)

3 de fevereiro - Moradores do Jardim Pantanal, na Zona Leste de São Paulo, enfrentam terceiro dia seguido de inundações no bairro, que sofre há décadas com os problemas das enchentes. A região com cerca de nove bairros fica numa área de várzea do rio Tietê Fábio Vieira/FotoRua via Estadão Conteúdo A Justiça de São Paulo determinou que a prefeitura da capital, gerida por Ricardo Nunes (MDB), apresente três planos de intervenção para combater enchentes. Segundo a sentença, houve omissão do poder público e ineficiência histórica da política de drenagem urbana. A gestão municipal contestou a decisão e a classificou como um “equívoco”. Em relação ao teor da sentença, a Prefeitura complementou o posicionamento, afirmando lamentar que a Justiça “desconheça os investimentos de mais de R$ 9 bilhões em ações de combate às enchentes desde 2021” e que o Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) “está publicado e em execução". A administração vai recorrer dessa decisão (leia mais abaixo). A decisão da juíza Alexandra Fuchs de Araujo, de 23 de outubro, manda o município entregar: Em até 60 dias um plano de curto prazo; Em até 120 dias, um de médio prazo; Em até 180 dias, o de longo prazo. Com casa alagada há uma semana, família do Jardim Pantanal se muda para telhado Todos os três devem detalhar obras, custos, cronogramas, fontes de recursos e participação popular. Ainda segundo o processo, a estratégia completa deve prever ações para até 15 anos. O descumprimento gera multa diária de R$ 10 mil, limitada a R$ 1,8 milhão, destinada ao Fundo de Interesses Difusos. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) abriu um inquérito civil após constatar que a capital sofre, há décadas, com enchentes recorrentes e reincidentes em 422 pontos críticos. Esses locais já estavam mapeados pelo próprio poder público, com estudos técnicos e alertas documentados. Para o órgão, a falta de execução de recursos disponíveis e o ritmo lento das intervenções violam o direito ao saneamento ambiental e à cidade sustentável. O MP também pediu indenização por danos morais coletivos e às vítimas de enchentes, mas esses pedidos foram rejeitados pela Justiça por falta de individualização e provas de prejuízos específicos. Os planos deverão ser elaborados com mecanismos de consulta pública, como audiências e debates, com atuação da comunidade atingida. A exigência está alinhada ao Estatuto da Cidade. A decisão ocorre em meio a uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal para investigar as enchentes que atingem o Jardim Pantanal, região na Zona Leste da capital. Os nomes dos vereadores que irão compor a CPI foram anunciados em setembro. Intervenção da Justiça Na sentença, a magistrada afirma que a cidade sofre com alagamentos há décadas e que o problema é crônico e previsível. Um relatório do Tribunal de Contas do Município (TCM) citado no processo aponta que, entre 2000 e 2019, somente 50,27% da verba orçada para prevenção e combate a enchentes foi efetivamente usada. “Recursos públicos previstos e aprovados não foram utilizados em sua totalidade para a finalidade à qual foram destinados”, escreveu a juíza. A decisão também menciona que planos anteriores não foram executados como o previsto e que intervenções atingiram menos de 12% das áreas mapeadas como críticas. A juíza cita ainda entendimento do Supremo Tribunal Federal segundo o qual a Justiça pode intervir em políticas públicas quando há descumprimento grave de direitos fundamentais — como moradia, segurança e dignidade. Por se tratar de uma sentença estrutural, a execução será acompanhada judicialmente e poderá sofrer ajustes ao longo dos anos. A juíza destacou que eventuais obstáculos técnicos e financeiros serão avaliados durante o acompanhamento. O que diz a Prefeitura de São Paulo "A Prefeitura de São Paulo lamenta que a Justiça desconheça os investimentos de mais de R$ 9 bilhões em ações de combate às enchentes desde 2021 e que o Plano Municipal de Riscos está publicado e em execução. A administração vai recorrer dessa decisão. A Prefeitura de São Paulo já demonstrou em juízo que o Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) foi concluído, publicado e está em aplicação há mais de um ano na cidade. Por isso, a Procuradoria Geral do Município vai recorrer da decisão por considerá-la equivocada. Aliás, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SIURB) já iniciou as licitações para a execução de obras em 15 áreas prioritárias e, atualmente, 127 projetos voltados à mitigação de riscos geológicos e hidrológicos em regiões críticas da cidade estão finalizados. O primeiro bloco de intervenções contempla 121 áreas e representa investimentos de aproximadamente R$ 1,5 bilhão. O PMRR, publicado em junho de 2024 e atualizado em dezembro do mesmo ano após consulta e audiência públicas, é um instrumento intersecretarial, contínuo e dinâmico, que orienta as ações do Município para prevenção e resposta a desastres. Entre as medidas previstas, destacam-se a implantação de redes de sensores para monitoramento de encostas e sistemas de microdrenagem, o fortalecimento do Centro de Operações Integradas de São Paulo, aperfeiçoamentos na gestão de resíduos sólidos e ações voltadas à prevenção de áreas de risco. Iniciativas que reforçam o compromisso da Prefeitura com a segurança da população e a gestão sustentável."