Mãe de bebê que morreu de coqueluche diz que não foi vacinada durante a gravidez e reclama da demora no diagnóstico
Criança de dois meses, natural de Castilho (SP), foi tratada inicialmente com suspeita de bronquiolite. Segundo a mãe, exame que confirmou a coqueluque saiu u...
Criança de dois meses, natural de Castilho (SP), foi tratada inicialmente com suspeita de bronquiolite. Segundo a mãe, exame que confirmou a coqueluque saiu uma semana antes de a menina morrer, na Santa Casa de Araçatuba (SP). Tafini Caroline Morais de Souza, mãe da bebê que morreu por coqueluche em Castilho (SP) Reprodução / TV TEM A mãe da bebê de dois meses, natural de Castilho (SP), que morreu de coqueluche na terça-feira (10), na Santa Casa de Araçatuba (SP), após 25 dias internada, reclama da demora no diagnóstico da doença e diz que não foi vacinada durante a gestação, contrariando informação divulgada pelo secretário de Saúde à TV TEM. 📲 Participe do canal do g1 Rio Preto e Araçatuba no WhatsApp Ainda abalada, Tafini Caroline Morais de Souza afirmou à reportagem que o resultado do exame que confirmou a coqueluche na filha Geovana saiu uma semana antes do óbito. Após ser transferida do hospital de Castilho, a criança deu entrada na UTI Neonatal e Pediátrica da Santa Casa de Araçatuba no dia 15 de novembro com suspeita de bronquiolite. "O resultado para coqueluche só saiu na terça-feira (3) passada, uma semana antes de ela falecer. Foi aí que entraram com medicamentos para o tratamento", conta Tafini. Antes, Geovana passou pela Unidade Básica de Saúde (UBS) de Castilho com tosse e muita secreção. Segundo a mãe, a orientação dos médicos do posto de saúde foi aplicar soro fisiológico no nariz da filha. Com a piora dos sintomas, ela procurou o hospital da cidade, que solicitou a transferência para a Santa Casa de Araçatuba para tratamento intensivo contra bronquiolite. Mãe e bebê aguardaram 27 horas para a transferência ser autorizada, no dia 15 de novembro. De acordo com a mãe, os médicos de Araçatuba suspeitaram de coqueluche uma semana após a internação, quando outra criança que estava no mesmo quarto testou positivo para a doença. "Se desde que desconfiaram da coqueluche tivessem entrado com medicamento, talvez isso não tivesse acontecido. Os médicos e enfermeiros sempre cuidaram bem de mim e da minha filha, mas poderiam ter ido atrás do tratamento logo de cara", declara. Bebê de dois meses morre vítima de coqueluche em Castilho (SP) Arquivo Pessoal Sem vacina Em entrevista ao vivo no TEM Notícias de quinta-feira (12), o secretário municipal de Saúde, Demilson Cordeiro, informou que a mãe recebeu a vacina contra a coqueluche durante a gestação. No entanto, Tafini desmentiu a informação e, também à TV TEM, disse que não foi imunizada enquanto estava grávida. Pais de bebê que morreu por coqueluche em Castilho (SP) Reprodução / TV TEM Para as gestantes, o Ministério da Saúde indica uma dose da vacina tríplice bacteriana acelular tipo adulto (dTpa), a partir da 20ª semana gestacional, com o objetivo de promover a imunização passiva (passagem de anticorpos da mãe para o feto). A bebê também não havia sido vacinada, pois a imunização contra a coqueluche é aplicada somente a partir de dois meses e vai até os seis anos de idade. "Não vacinei minha filha antes porque ela ainda estava muito nova. Sempre vacinei meus filhos, não sou esse tipo de mãe que deixa de vaciná-los. Todos são vacinados. Só que ela não teve tempo", disse Tafini. Para a mulher, a bebê viveu apenas dois meses para "cumprir uma missão". "Antes, ninguém estava falando sobre a coqueluche. Por causa disso, ela vai salvar muitas vidas. Minha filha veio como um alerta para os pais que deixam de vacinar seus filhos porque acham que isso não resolve nada. Não deixe de vacinar. Ela está aí como um alerta", declarou Tafini. O que dizem os hospitais Santa Casa de Araçatuba (SP) Reprodução / TV TEM Em nota, a Santa Casa de Araçatuba informou que, após o primeiro atendimento realizado em Castilho, a paciente foi internada na UTI Neonatal e Pediátrica e a equipe de neonatologia intensiva adotou para ela os protocolos que são preconizados para internações dessa natureza. De acordo com a nota do hospital, o protocolo de atendimento à bebê foi o mesmo aplicado 15 dias antes a outra criança do sexo masculino da mesma faixa etária de Araçatuba, também com coqueluche, que já recebeu alta médica. A Santa Casa ainda ressaltou que foram feitos todos os esforços para salvar ambas as vidas e que a equipe lamenta a morte da criança. Já a Santa Casa de Castilho informou que a bebê foi inserida no sistema no dia 14 de novembro, após consulta com pediatra da atenção primária de saúde do município, com suspeita de bronquiolite. O hospital esclareceu que a vaga foi finalizada para a Santa Casa de Araçatuba no dia 15 de novembro, às 9h47. No período em que aguardava liberação da transferência, segundo a unidade, a bebê foi atendida pela equipe profissional e foram prestadas todas as medidas necessárias para assistência à saúde. Bebê que morreu de coqueluche passou por seis médicos em menos de uma semana Baixa proteção A cidade de Castilho está abaixo do índice ideal de vacinação contra a doença, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Atualmente, o município possui cobertura vacinal de 86%, porém, o índice considerado ideal é de 95% desse público, segundo a pasta. "A gestante recebe uma dose da vacina entre a 20ª e 32ª semana da gestação, pois ela tem o intuito de aumentar os anticorpos e proteger o bebê ao nascer", explicou Demilson. Veja mais notícias da região no g1 Rio Preto e Araçatuba VÍDEOS: confira as reportagens da TV TEM