Vacina de HPV não é coisa só para jovem
Ministério da Saúde amplia faixa etária da vacina contra HPV Felizmente para os jovens brasileiros, um número cada vez maior de pais e responsáveis tem ...
Ministério da Saúde amplia faixa etária da vacina contra HPV Felizmente para os jovens brasileiros, um número cada vez maior de pais e responsáveis tem se conscientizado sobre a importância da vacina contra o HPV. O Papilomavírus Humano é uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns em todo o mundo. É causada por um grupo de centenas de tipos de vírus que afetam a pele e as mucosas (boca, garganta, ânus, vulva, pênis e vagina), podendo causar de verrugas a lesões precursoras de câncer. A infectologista Renata Beranger, especialista em doenças infecciosas: “se conseguirmos vacinar todo mundo antes do início da vida sexual, praticamente vamos zerar a possibilidade de câncer de colo de útero” Acervo pessoal Estima-se que a maioria das pessoas sexualmente ativas entrará em contato com o vírus em algum momento da vida. O contágio se dá por contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital. A transmissão pode ocorrer na ausência de penetração vaginal ou anal, mas nem todos desenvolvem sintomas ou doenças graves. Em muitos casos, o próprio sistema imunológico consegue eliminar o vírus espontaneamente. Os tipos de HPV são classificados em categorias de risco. Os tipos de baixo risco 6 e 11 causam principalmente verrugas genitais – também chamadas de condilomas ou “crista de galo”, que são tratadas ambulatorialmente. Elas surgem na vulva, na vagina, no colo do útero, ânus, pênis e escroto. Já os tipos de alto risco oncogênico, como o 16 e o 18, que podem causar lesões precursoras de câncer. Essas lesões pré-malignas, como a neoplasia intraepitelial cervical (NIC), no colo do útero, geralmente não causam sintomas e são identificadas nos exames preventivos (Papanicolau). O tratamento é feito por meio de remoção cirúrgica. Fiz essa introdução um pouco longa – mas que considero indispensável – porque, quando se pensa na vacina, que é a forma mais eficaz de prevenção, logo se imagina que apenas crianças e adolescentes podem ser protegidos. No entanto, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a quadrivalente (contra os tipos 6, 11, 16 e 18) também para grupos de maior vulnerabilidade: pessoas com HIV, usuários de Prep entre 15 e 45 anos, transplantados de órgãos sólidos e de medula, e pacientes oncológicos na faixa entre nove e 45 anos. Mas, e como ficam os 50, 60, 70 mais? Foi o que perguntei à infectologista Renata Beranger, especialista em doenças infecciosas e parasitárias e coordenadora do controle de infecções do Hospital Samaritano. Afinal, são gerações que foram expostas ao vírus sem a proteção da vacina: “Na verdade, a contaminação atinge quase toda a população. Nos homens, surgem verrugas na região perigenital e genital, às vezes tão pequenas que são quase imperceptíveis. Na consulta ao urologista, o médico realiza a peniscopia, exame que utiliza uma lente de aumento (colposcópio) para avaliar o pênis, escroto e região perineal, especialmente para identificar lesões ou alterações na pele que não são visíveis a olho nu. Esse indivíduo pode estar contaminando parceiras e parceiros durante anos, sem saber. Presencio muitas desavenças entre casais que estão juntos há bastante tempo quando surge um diagnóstico de HPV. A pessoa pode ter sido infectada bem antes do relacionamento atual”, explica. A rede privada oferece uma versão nonavalente da vacina, que cobre nove tipos de vírus oncogênicos – cinco além da imunização do SUS. A doutora Beranger afirma que, embora a literatura médica não disponha de estudos suficientes sobre sua eficácia e segurança para idosos, na prática não há contraindicações para o seu uso. “Prescrevo a vacina para pessoas mais velhas que têm uma exposição frequente ao HPV. É uma maneira de prevenir e alguns estudos mostram que ela pode até eliminar o vírus. Se conseguirmos vacinar todo mundo antes do início da vida sexual, praticamente vamos zerar a possibilidade de câncer de colo de útero. É o que está acontecendo na Austrália, que oferece a imunização desde 2007”, destacou.