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Virada em voo e 'buzinaço': como os tripulantes da aviação e das ferrovias vivem o Ano Novo

Serviços de transporte aéreo e ferroviário são considerados essenciais e exigem a mobilização de funcionários em escalas para conectar as pessoas e produ...

Virada em voo e 'buzinaço': como os tripulantes da aviação e das ferrovias vivem o Ano Novo
Virada em voo e 'buzinaço': como os tripulantes da aviação e das ferrovias vivem o Ano Novo (Foto: Reprodução)

Serviços de transporte aéreo e ferroviário são considerados essenciais e exigem a mobilização de funcionários em escalas para conectar as pessoas e produtos com os seus destinos. Maiores responsáveis pela movimentação de passageiros e cargas em média e longa distância no Brasil, os serviços de transporte aéreo e ferroviário são considerados essenciais. Por isso, enquanto a maior parte dos brasileiros estará celebrando o réveillon com amigos e familiares, os trabalhadores desses setores seguirão mobilizados em escalas para conectar as pessoas e produtos com os seus destinos. A rotina se repete em outras datas comemorativas, como Carnaval e Natal. 📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp Moradora de Sorocaba (SP), Anne Carolyne Caniato de Faria é tripulante de cabine na Latam Brasil Anne Faria/Arquivo pessoal Moradora de Sorocaba (SP), Anne Carolyne Caniato de Faria é tripulante de cabine na Latam Brasil há 26 anos, sendo 17 em voos internacionais. Já habituada a voar nas datas comemorativas, ela conta que, para reduzir a distância entre os profissionais e seus familiares, as empresas aéreas permitem que os pilotos e os comissários voem acompanhados nesta época do ano. “Eu tenho uma filha de 28 anos e quando entrei na profissão ela tinha oito meses. Já fiquei longe dela durante o Natal e o ano-novo muitas vezes, mas ao olhar ao longo de todo o ano que passei e o que a aviação me proporcionou, não tem como ela dizer que queria estar comigo. Ela nunca teve essa fala porque sabe que, graças à aviação, pude realizar muitos sonhos que seriam inacessíveis. Quem voa realmente é apaixonado pelo que faz, pelo céu azul que contempla, por atender ao passageiro e conhecer cada história”, afirma. A aviação comercial brasileira transportou 112 milhões de pessoas no ano passado, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Conforme Diogo Carvalho, gerente sênior de tripulação de cabine da Latam Brasil, a malha aérea da companhia funciona normalmente na noite da virada do ano, com pousos e decolagens programados entre 31 de dezembro e 1º de janeiro. Isso dá margem a situações inusitadas, principalmente nas viagens internacionais. O horário da comemoração da passagem do ano está relacionado ao horário praticado na localidade em que o avião decolou, e não por onde ele estiver passando durante a rota. Se o aeroporto de origem é Guarulhos, por exemplo, é o horário de Brasília que determinará o momento do réveillon. Estacionamento de aviões no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos Sidnei Barros/Prefeitura de Guarulhos “Quando der meia-noite, o comandante faz o speech (comunicação com os passageiros) comemorando a data festiva da virada do ano. São voos normalmente muito cheios, ao contrário do que muitas pessoas pensam, e são interessantes porque os passageiros sempre esperam algo diferente, como um cardápio que remeta às festas do final de ano”, pontua Carvalho. O funcionamento ininterrupto da aviação exige o trabalho de outros profissionais, como controladores de tráfego aéreo e equipes de solo (mecânica, abastecimento, sinalização, etc), igualmente em regime de escala. Sobre os tripulantes, Carvalho aponta que, conforme a legislação, em voos nacionais eles podem ficar até seis dias longe de suas bases, mas as “chaves” (como são chamados os conjuntos de voos de cada tripulação) normalmente têm duração média de 3 a 4 dias. Em voos internacionais que não sejam de "bate e volta", o período varia de 3 a 5 dias. Pilotos e comissários têm direito a 10 folgas mensais e não podem exceder 90 horas de voo por mês. “Assim, na construção da escala, existe um certo desafio para se conseguir fechar todos os voos. Na alta temporada se viaja mais, ao mesmo tempo em que a companhia trabalha para oferecer ao tripulante a melhor escala que se tenha”, pondera. Como há voos que não retornam imediatamente ao ponto de origem, os tripulantes podem ter um dia de "inativo" e conhecer os pontos turísticos do destino – uma das vantagens assinaladas por Anne em contraponto à saudade e à distância de casa que pode ficar mais latente nessa época do ano. “Pude conhecer Veneza (cidade turística do norte da Itália), levar a minha mãe para ver a neve em Frankfurt (Alemanha). As tripulações se confraternizam, os hotéis procuram não cobrar adicionais. É um mundo mágico, só gratidão por tudo”, celebra. Anne e a mãe em Frankfurt, na Alemanha, durante final de ano Anne Faria/Arquivo pessoal Buzinaço Já nas ferrovias, a tripulação dos trens é solitária: cabe a um único profissional a condução das composições, que podem ter mais de 100 vagões e cinco ou seis locomotivas. Terceira geração de uma família de ferroviários da região da antiga Estrada de Ferro Sorocabana (EFS), o maquinista Vinicios Dutra Marques iniciou na profissão há 21 anos e atualmente é inspetor de tração do corredor Centro-Sudeste da empresa VLI Logística. Para chegar ao Porto de Santos, os trens da VLI acessam a ferrovia Malha Paulista, cortando quatro cidades da região de Sorocaba (Salto, Itu, Mairinque e São Roque) a partir de Campinas. Esse sistema é responsável pelo escoamento de grande parte da produção agrícola do centro-oeste do País, além de transportar matéria-prima para a produção de alumínio (bauxita), adubo e produtos beneficiados como celulose. Vinicios Dutra Marques, maquinista de trem: "buzinaço" na hora da virada Divulgação/VLI O “buzinaço”, conforme Dutra, é a tradição entre os maquinistas que estão em serviço na virada do ano. À meia-noite, o CCO (Centro de Controle Operacional) da VLI entra em contato com os trens em tráfego e autoriza que os maquinistas acionem a buzina das locomotivas ininterruptamente, por 30 segundos. De alguns pontos do trajeto também é possível ver a queima de fogos nas cidades. As jornadas de trabalho dos maquinistas normalmente duram de seis a oito horas, mas a empresa pode optar pelo pernoite em algum ponto da sede. O inspetor afirma que a ferrovia disponibiliza kits de ceia aos maquinistas que estão escalados para conduzir os trens após o meio-dia do dia 31 de dezembro, ou para os que vão pernoitar fora de casa. As locomotivas são equipadas com aquecedores de refeição e geladeira, inclusive. “A ferrovia é um transporte essencial, não para, e a escala é rotativa, sabemos no mês anterior quais dias iremos trabalhar e podemos nos programar. A nossa vida é assim, estamos acostumados. Acaba sendo um dia normal de trabalho, almoçamos antes ou jantamos depois com a família”, conta. Trem da VLI na região de Itu (SP) Bruno Oliveira/Arquivo pessoal Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM

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